A Rapunzel da modernidade não esperaria o - ih, esqueci o nome do príncipe dela - mas pensaria num jeito de descer da torre, porque sabe que ele pode demorar a chegar, ou pior, nem aparecer. Se ele aparecesse no seu cavalo, ela veria de longe a sua chegada, colocaria as tranças na janela e já estaria com o plano arquitetado de como sair da torre. A princesa deixa de fingir que ela é a coitadinha prisioneira, porque sabe que se está ali é porque aprontou alguma coisa. Essa idéia de mulher frágil e dependente do homem me irrita profundamente. Ouço dos meus amigos: Alfa, finja que você precisa da gente. E eu lá sou mulher de fingimento?Eu preciso de um homem, sim, mas preciso de um homem que me olhe nos olhos e faça com que eu sinta o amor apenas pelo olhar. Um homem que eu tenha orgulho dele e uma profunda vontade de acordar e o conquistar todos os dias. Ele será imperfeito, assim como eu, mas a admiração que tenho por ele será maior do que qualquer defeito. Seu beijo fará com que eu esqueça aquele chefe insuportável. Ele conseguirá me aguentar nos dias em que estou de TPM e ficará em stand by, porque sabe que depois será recompensando por aturar o meu momento de mal humor. 
Apesar de odiar a Julia Roberts, Meg Ryan e cia limitada, vai se sentir feliz em assistir um filminho água com açúcar comigo, enrolado no edredom, com um balde de pipoca. E eu, apesar de não gostar dos filmes violentos dele, vou ter prazer em assistir com ele, porque a sua felicidade e alegria juvenil vão me contagiar. Dormir de conchinha numa tarde de domingo chuvosa passa a ser o melhor programa, porque tudo ao seu lado ganha um novo sentido. Homens, por mais bonitos, educados, simpáticos e charmosos que sejam, não conseguirão me chamar a atenção, porque só terei olhos para ele, que tem tudo isso e mais um pouco. Meu objetivo será conquistá-lo todos os dias e faze-lo simplesmente feliz com o que eu tenho a oferecer.
Isso é ser exigente demais? Não sei, mas não tenho mais paciência para ficar em noitadas com música alta, gente bêbada por todos os lados e os homens polvos, que concorrem para saber quem consegue levar o maior número de mulheres para o motel do lado. Isso eu sei que eu não quero! E não adianta pegar a minha mão e perguntar se pode conversar, porque o infeliz já está falando sem eu ter autorizado. Você repete que veio só para se divertir com as suas amigas e ele diz que também, mas que podemos nos divertir juntos. Credo!!!! Não tenho mais sacolas para esta vida!
Se vivo num mundo cor de rosa eu não sei, mas admito que sou romântica e não vejo a hora de ter alguém para preparar o café, discutir o jornal juntos, pegar o carro e viajar no fim de semana só para namorar um pouco mais. Eu quero isso sim, e daí? Enquanto não encontro para dividir as minhas chatices, “vou pintar minhas unhas e cabelos de vermelho e me levar e me acompanhar nos lugares mais divertidos. 
Isabela Noronha Do G1, em São Paulo
